quarta-feira, 2 de abril de 2008

BLUE MOUNTAINS 6 - Sítio Aborígine

Antes de voltarmos, o guia parou o ônibus para que víssemos de perto uma inscrição aborígene. Parou numa rua comum, no meio de um dos bairros entre Wentworth Falls e Penrith, fez todo mundo saltar e entrar por um caminhozinho enlameado que dava numa clareira pequenininha, de frente pro quintal de um condomínio, e lá estava ele, o canguru aborígene:



Ele explicou que os membros viajantes das tribos faziam este desenho na pedra pelos lugares onde passavam, e deixavam pra quem viesse atrás (às vezes a tribo inteira) - a cabeça do canguru indicando a direção tomada, a cauda a direção de onde vieram. Desta forma, faziam um mapa que podia indicar para onde ir e por onde voltar. Espertos, né?



Fiz uma pesquisazinha básica na internet, e aqui vai um resumo do que li pra vocês conhecerem um pouco mais sobre os autóctones australianos:

Os aborígenes têm um sistema de crenças chamado Dreamtime, conjunto de lendas da tradição oral que formam uma mitologia de criação do mundo (e por mundo entenda-se Austrália).

O Dreamtime designa a era que precede o tempo, o tempo antes do tempo, antes da criação da Terra, um período onde tudo era espiritual e imaterial. Os aborígenes acreditam que é possível a comunicação com os espíritos através dos sonhos - sendo possível, dessa forma, decifrar maus presságios, doenças e outros infortúnios. E isso sem precisar de ajuda de pitonisa, hein, é só fazer um tête-à-tête com os antigos.

Na concepção aborígene, cada acontecimento deixa um traço na terra, e tudo na natureza deriva da ação dos seres metafísicos que criaram o mundo (como Baiame, um dos espíritos totêmicos que formaram A Criação; primeiro ser entre todos, Baiame deu forma a si mesmo sonhando com a sua forma - que ainda não existia quando ele sonhou. Captaram?). Assim, o Dreamtime dá significação a lugares e formações naturais, e dita que todas as formas de vida fazem parte de um complexo conjunto de interações cuja origem remonta ao tempo dos espíritos ancestrais da época do sonho.

Os criadores ancestrais se deram variadas formas (plantas, lugares, animais, pessoas, vales, montanhas, rios, estrelas, etc), estabeleceram relações entre todos os grupos de indivíduos, percorreram a terra dando origem a histórias que os associam aos lugares por onde passaram e/ou se fixaram, e tranformaram-se, enfim, em outros objetos/animais. Por isso, para os aborígenes, o passado está sempre vivo – porque o espírito vital dos antepassados permanece ligado a essas formas.

Algumas versões (existem várias culturas aborígenes na Austrália) dizem que os espíritos se retiraram da terra à medida em que o tempo do sonho se perdia. A cosmogonia aborígene talvez seja a mais antiga do mundo, remontando a 50 mil anos (as histórias são repassadas também pelas pinturas rupestres). Para o povo existem duas formas de tempo: a objetiva, das atividades diárias, a outra o Dreaming, mais real ainda – porque o que acontece no “sonho” estabelece os valores, simbologia e leis da sociedade aborígene.

Cada uma das histórias que formam o Dreamtime se relaciona com uma determinada paisagem, e, à medida em que uma paisagem se liga à outra, formam-se trilhas (ou Songlines) que cruzam todo o território australiano. É por meio dessas trilhas que as tribos aborígenes se comunicam entre si.

Quem quiser conhecer mais sobre a mitologia aborígene, pode clicar aqui ou aqui. Tem ainda uma listinha de lendas muito legais aqui.

7 comentários:

Marion disse...

Gostei do Dreamtime. Eu tenho uma percepção assim, que o passado sempre está a nossa volta, seja por uma música que nos faz recordar alguém, uma paisagem, uma frase. Semrpe tem algo no presente que nos conecta com o passado.

Mas eu não consegui ver o desenho aborígene no chão. Não mesmo...risos

Beijos

Ana disse...

nem abrindo a foto, beibe?

Marion disse...

Prestando mais atenção, me concentrando bem eu consegui ver! Tem pouco contraste com pedra!

Helen disse...

Rá! Eu tive o mesmíssimo problema, não consegui enxergar o cangú!!!

bjk, lôca!

Ana disse...

ok, ok, vou resolver esse problema já já!

Galega disse...

ana..na boa!

tu combina mais com um shopping!

Ana disse...

Ril, mas nem dispensaria uma casa de campo, não, viu.