terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

RIDING THE HORSE - parte 3


(plaquinha do aeroporto, escondida pela neblina)

O aeroporto de Auckland foi o mais fofo dos 4 pelos quais passei. Fiquei enlouquecida com as lojinhas, o cheirinho, a limpeza, a educação e a simpatia das pessoas (especialmente a tripulação da Aerolineas. Parece que eles selecionaram os hermanos mais simpáticos pra essa parte da viagem).

Passei pela alfândega sem o menor problema (tive meses pra tirar todas as minhas dúvidas, e só tinha feito uma coisa errada: tinha que ter colocado TODA E QUALQUER maquiagem dentro do saquinho plástico que continha as embalagens de líquidos - mas fui corrigida na Argentina por uma funcionária sem muita paciência. Apesar de todas as informações trocadas que recebi, é muito simples: você pode levar na bagagem de mão artigos de toilette líquidos e em creme, mas cada uma das embalagens não deve ultrapassar 100ml, e devem estar acondicionadas em um saquinho plástico daquelas que fecham a vácuo, tipo zipblock). O kiwi moreno que me atendeu foi um doce (e era um gato), e foi a primeira parte da viagem em que eu tive que me virar sozinha pra descobrir o portão de embarque (no Brasil foi fácil, mas na Argentina eu só consegui encontrar porque esbarrei no caminho com dois brasileiros um pouco menos perdidos que eu).

Tinha 3 vôos saindo pra Sydney, um em cinco minutos, então fiquei um pouquinho nervosa até descobrir que não era o meu. Mas eu sabia que eles não decolariam sem me chamar pelo menos umas 5 vezes (o que me lembra uma cena engraçada: um funcionário do aeroporto chamou várias vezes por 3 homens que supus serem adolescentes argentinos - já que tinha vários grupos de estudantes no aeroporto. Na última vez, deu um esporrinho de leve que fez muita gente rir na sala de espera: "Attention Mister Hernandez, Mister Avila and Mister Garcia, may you please go immediately to the gate numbah fiiiive. Your flight is about to depart, and the othah passengers are just waiting for YOOOOU").

Apesar de ter tido o cuidado de ligar antes pra Embratel pra descobrir os números de ligação a cobrar para o Brasil em todos os países envolvidos, não consegui ligar pra casa, porque aparentemente o número que haviam me dado não existia. Tentei perguntar pra uma funcionária como fazer, eu com pouco inglês, ela com menos francês ainda, e acabei não conseguindo me fazer entender. Tive a idéia de ir na internet, mas não tinha moedas, então fica a dica: tenham sempre dinheiro trocadinho pra esse tipo de coisa.

Quando entrei no avião, dessa vez foi moleza. Um comissário com pinta de Don Juan me levou até meu lugar de novo, ofereceu chocolate com menta e água (logo agora que eu ia aceitar champagne!), sorriu, sorriu, sorriu. Na hora do lanche não me deu trabalho nenhum pra entender o que eu queria - o que me fez ter certeza de que o problema era o Bigode não se esforçar realmente, afinal, né, gente, ele sabia que não era pra eu estar ali, ele leu nos meus olhos. Don Juan não, esse me tratou feito a rainha que eu sou mesmo, mas acho que é porque eu estava me comportando como se aquele fosse o meu lugar.


(sandália antigone da Nativa - com correntes, chiquerésima - e meu trench coat de tafetá no colo, em cima da Vogue, digo, da Bíblia)

Só não consegui descobrir como funcionava a porcaria da televisão (cada cadeira tinha a sua), mas a luz veio um outro comissário ligar pra mim, sem eu nem pedir. Acho que é isso, néam, ali só tinha comissário, nenhuma aeromoça. E o Bigode, convenhamos, provavelmente não gostava de mulher.

Aí veio uma parte gostosa da viagem, o céu tava limpo, e consegui fazer algumas fotos:


(vista aérea de algum lugar depois de Auckland - essa eu tirei especialmente pro Wans!)


(o mar de algodão)


(a asa quebradinha pra cima que intrigou meu pai no saguão do Galeão, e uma das turbinas gigantescas do Airbus 340)


(nem preciso falar da minha boca aberta, né. Gente, camadas e camadas e camadas de nuvens de todas as cores e tipos. Uma das cenas mais lindas que já vi na vida)

Aí veio a única decepção da viagem inteira: uma vez eu li um livro de um australiano, e ele dizia que é maravilhoso ver a baía de Sydney quando o avião está pousando, e que o melhor lugar pra apreciar a vista é sentar em uma das janelas do lado esquerdo do avião. Assim que tive a confirmação do vôo, liguei pra companhia aérea pra reservar meu lugar, pra ter certeza de que veria Opera House lá do alto. Câmera na mão, qual não foi minha surpresa ao ver que essas nuvens lindas aí de cima estavam nublando completamente o litoral, e o que vi foram uns flashes de cidade - de subúrbio, pra ser mais exata. Mas que subúrbio lindo!

A chegada à Oz vem no post a seguir, o último relatando a viagem. Digo, relatando a chegada.

11 comentários:

A Jana e o Ti disse...

que céu é esse, ana! meudeusdoceu... coisa mais linda! próximo post, please?!

Galega disse...

uia!consegui finalmente acessar!

peraí que vou ler o resto dos posts e já volto pra comentar!

anouska disse...

linda, eu tô achando um barato esse teu relato da história, tão cheia de detalhes. me identifiquei muito, pois na primeira vez que saí do brasil senti isso tudo, quase fui pro lugar errado no aeroporto de lisboa, mas no final deu tudo certo. fiquei me sentindo uma boba, afinal, TODAS as pessoas que eu conhecia já tinham praticamente dado a volta ao mundo. me sentia uma caipirona, hehe. eu, com certeza, não saberia como fazer um relato assim tão fofo como o teu. e, você é sim, uma rainha e merece todos os mimos. faz favor de lambrar isso pro canguru todos os dias, ouquei? hehe. bjs

anouska disse...

ops: lEmbrar.

Ana disse...

Jana, e vc acredita q vi pouquissimas pessoas apreciando? E fico boba e' como nao senti medo. Sempre achei q fosse pirar!

Ril, volta logo, mulher.

Cris, vc e' a pessoa a quem eu mais tenho q agradecer! E pode deixar que estou sendo tratada como uma mistura de rainha e deusa. Mas dei uma de escrava isaura e deixei a casa um brinco. Acabou q realmente vim pra ca pra dar uma de escrava branca neam...

anouska disse...

favor desconsiderar o fato de que TODAS as minhas vírgulas estão erradas no primeiro comentário, aff!!!

Marion disse...

Que pena que o dia tava nublado na sua chegada a austrália.

Menina, este lance dos líquidos no saquinho é um saco. Odeio esta medida de segurança. Só serve para atrapalhar a vida da gente.

Ah, estou amando acompanhar a sua viagem!!!

Beijos

Ana disse...

Patry, acho que discordo de vc, linda. Acho que tem que ser isso mesmo, é pra nossa própria proteção. Claro que quem quiser explodir um avião vai buscar outras formas, mas se for pra chegar viva do outro lado eu sou a favor de qualquer medida. E a Austrália é um dos países na mira dos terroristas, ou pelo menos era. Não sei se vc sabe, mas na mesma época que explodiram o metrô em Londres desmantelaram a tempo uma operação aqui tb. O governo australiano investe pesado pra garantir a segurança nesse sentido.

E hj tirei uma foto especialmente pra vc!

Ana disse...

Outra coisa: na verdade, é tudo muito simples. O que complica é a desinformação dos turistas e principalmente a desinformação do pessoal que deveria estar capacitado pra ajudar a gente: funcionários de aeroportos, agências de viagem, companhias aéreas, etc. Cada informação que recebi foi diferente, e eu procurei saber das coisas. Uma ex-aluna minha que trabalhava em aeroporto disse que se todo mundo procurasse se informar antes da viagem as coisas seriam bem mais fáceis!

Marion disse...

Ana, infelizmente estas ameaças de terrorismo atrapalham a vida de todos. Enfim, é muito chato mesmo.

E muita gente é desinformada mesmo.

Foto para mim? Ai que curiosidade! Quero ver!

Falando em fotos, coloquei no blog as fotos do carnaval! :)

Beijinhos

Ana disse...

sua foto já vem!