quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

CHEGADA EM SYDNEY

A chegada a Sydney era meio que a parte que eu tava com mais medinho durante a viagem, porque teria que passar pela imigração, abrir bagagem, e tipos nem sabia em que hora ou onde exatamente pegaria minhas malas (rezando pra que elas estivessem lá - a gente ouve cada história, né), e todo mundo me disse que iam me fazer perguntas, que era pra eu ficar calma (e isso só me deixava era nervosa), e tals.

Mas o que aconteceu foi exatamente isso: na hora de sair do avião, as aeromoças, como sempre, seguraram o mobral lá atrás enquanto a classe A (eu! eu!) saía pela frente. A intenção era fazer a gente passar pela alfândega antes da boiada, só que dessa vez não deu certo, porque o lugar era i-men-so. Eu não tinha a menor idéia do que fazer, e fui seguindo um casal maluco que tinha viajado comigo (eles tavam sempre furando alguma fila ou passando à frente de alguém - da minha, inclusive...).

Só que o problema é que eles estavam correndo (provavelmente tentando passar na frente de alguém), e eu perdia os dois de vista toda hora. E a coisa é que ali era bem diferente da Nova Zelândia, porque a fila não se encaminhava para uma sala específica, muito pelo contrário. Era gente surgindo de todo lado, e eu tive que passar por vários corredores que davam deus sabe onde, e tinha tanto japonês pelo caminho, mas tanto, que por um momento eu achei que tinha tomado a direção errada em Auckland e aterrissado em Tóquio.

Quando dei por mim só tinha olho puxado a minha volta. Olhei pra cima e vi várias plaquinhas onde estava escrito customs e baggage, mas eu não sabia pra qual dos dois lugares me dirigir primeiro. Fui meio que seguindo o povo, reconheci outro casal que estava no vôo, e reparei que eu estava indo pro lugar errado (a fila para cidadãos australianos e neozelandeses). Voltei correndo e me juntei aos japinhas na fila para outras nacionalidades (tava mais pra "orientais e brasileira"). Acabou que era tudo um lugar só: a gente chega na imigração, passa por um portão, chega na área das esteiras, pega a bagagem e se dirige pra alfândega, logo em frente.

Mas então que ali na imigração era só pra apresentar o passaporte e a carteirinha internacional de vacina (a contra febre amarela é obrigatória, e eu dei a maior sorte de ter me vacinado duas semanas antes daquele boom que teve no Brasil, quando todo mundo ficou com medo de uma epidemia e ficou difícil encontrar a vacina nos postos. Aliás, vi uma reportagem alarmante há anos sobre o assunto, e talvez exista esse risco de verdade). O cara me fez duas únicas perguntas: de onde eu tinha vindo, e se eu tinha estado em alguma roça nos últimos dias. Re-lo-ou, ele lá ia saber onde é Itaipuaçu? Claro que menti na caraça. "Moro na cidade grande, meu". E foi ali que ouvi meu primeiro Welcome to Australia.

Passando pelo portão, zilhões de esteiras. Descobri qual era a minha no painel, peguei um carrinho, e fiquei lá esperando. A mala vermelha chegou rápido, toda suja, mas intacta. E quem disse que a outra aparecia? Logo ela, com a maioria dos meus sapatos, e meu jeans escuro, e meus cintos, e minhas bijous, e meu vestido de festa, e meu casaco prateado... Já estava ficando nervosa quando vi minha fofinha lá na putaquil, em cima de outra mala qualquer. Eu sou baixinha, nunca ia conseguir pegar sozinha, então só por causa disso pedi ajuda a um garoto gatérrimo que tava do meu lado, e quando ele colocou a mala no chão eu não sabia se chorava ou se chorava.

Gente. Minha malinha lindinha de xadrezinho verdinho e creminho. Toda. Destruída. Completamente manchada de sujeira e alguma substância amarela. O garoto olhou pra mim com simpatia, entendendo a minha perda. Porque é isso, ela está perdida. Pra todo o sempre. De agora em diante só compro mala descartável, de dez real. (Pior: depois descobri que, ao invés de quebrarem o cadeado, eles tinham estragado o zíper da pobrezinha... e remexido nas bijuterias que eu tinha empacotado com tanto cuidado em papel seda... Antipáticos insensíveis.)

E dali, o que eu devia fazer? Alfândega. Vi alguns guichês com filas gigantescas, e soube que não ia sair do aeroporto naquele dia. Parecia algo do tipo "Alto Verão No Piscinão De Ramos meets Ano Novo Chinês". Fui seguindo os 300 que formavam a fila mais próxima, e, quando estava quase chegando na ponta pra pegar meu lugar, um cara com uniforme do aeroporto me parou. "Fudeu, né". Ele me fez umas perguntas, pegou meu cartão de embarque, meu passaporte, perguntou detalhes sobre o que eu tinha dito que queria declarar (oi? chocolate?), e carimbou meu passaporte com um 51 verde, me mandando seguir pra última fila - ou pelo menos foi o que eu entendi. Cinqüenta e um realmente é uma boa idéia. Welcome to Autralia.

Fui lá pra tal última fila, a de oversize baggage. Ah, então é isso, eu tava na fila errada. Aí veio outro funcionário, olhou meu cartão, viu o código 51, e me mandou seguir em frente. Welcome to Australia. Tipo, entendi direito? Ele tava me mandando furar a fila? Cheguei no começo, passei por pessoas me olhando de lado, cheguei pra outro funcionário, mostrei o cartão, e ele me mandou passar pelo corredor. Welcome to Australia. Era só isso mesmo? Será que dava pra ter tido mais sorte?

Dica pra vida: não importa o que se vista durante o vôo (Bigode certamente não levou a sério minha calça de moletom molinho - confortável, sim, mas super coisa de pobre), é imprescindível que se troque de roupa antes de sair do avião. Tenho certeza de que não fui escolhida do nada: ajudaram a calça jeans de caimento perfeito, a camisete amarela com sobreposição da batinha preta, a antigone de correntes, a clutch amarela, o trench de tafetá, o óculos chanel, os 50 quilos de bagagem, a maquiagem e o novocorte de cabelo, cheio de atitude. Afinal, sede não é nada, imagem é tudo.

E ainda ganhei de presente pro ego uns molequinhos que tavam ali na frente e ficaram me olhando (tudo bem que eles tavam com cara de quem tinha bebido umas e outras, mas, ei, vamos deixar esse detalhe de lado. Foi o chanel). Pra quem tava se sentindo um patinho feio por causa de um comissário bigodudo, foi como calçar sapatilhas vermelhas e caminhar por um tapete de ouro. (Tá bom, vá lá, admito, Bigode não foi tão mau assim...)

E foi fácil assim que cheguei no saguão do aeroporto. Erick tava lá me esperando com um coalinha de pelúcia na mão, o Gizmo, e seguimos pra estação de trem, que é interligada ao aeroporto. A estação é chiquerésima, mas o trem decepcionou. O metrô do Rio é mais bonito. O trem que pegamos era bem velho, e todo pixado (mas depois descobri que existe outro, mais novo e confortável). O aeroporto fica em Mascot, um subúrbio distante pouco mais de dez estações de onde estou hospedada, e essa foi a primeira imagem que tive de Sydney:



(O vídeo não é de boa qualidade porque fiz na minha máquina fotográfica mesmo, e é curtinho porque esqueci de comprar o chip de memória...)

...

E aqui termina o registro da viagem até o outro lado do mundo. A partir de agora, deixo vocês só com notícias fresquinhas da vida na Oceania!

ps: não foi feito por mim, mas encontrei esses videozinho mostrando a chegada que eu gostaria de ter feito, aqui. Tirando os aplausos da classe trabalhadora, até que vale a pena pelo apresentador...

6 comentários:

Marion disse...

Ana, realmente a parte mais tensa da viagem é a chegada no país estrangeiro na hora de passar pela polícia de imigração. Isso dá nervoso! Mas uma coisa vc está certíssima: o visual conta muito nesta hora! Não pode dar pinta de pobre ou vagabunda ( infelizmente o nosso país exporta muita vagabunda. Triste realidade), senão corre o risco de ser devolvida.

Eu sou campeã em me perder, ainda mais em aeroporto desconhecido e enorme!

Ah, tadinha da sua mala. Infelizmente os funcionários das cia aéres maltratam com vontade as malas. Dá uma raiva!!! Mas o que importa é que suas coisas chegaram direitinho com vc!

Adorei os relatos de sua saga até chegar aí do outro lado do mundo!

Beijos

Ana disse...

pois e', acho que no final e' so' seguir o conselho da marta suplicy mesmo, ne', pq e' esperado q a gente se perca em algum momento do caminho! ;-)

fabiana disse...

Cara, foi o channel, sem dúvida!

Que bom que deu tudo certo!

Beijocas

Ana disse...

meu lindo chanel, fabi, adquirido por um terco do preco, e pago em seis suaves prestacoes...

Andrea disse...

O australiano médio é mais pra gordo ou mais pra magro?

Ana disse...

Battle, vejo gente de todo tipo aqui. Mas o mais difícil é encontrar australiano médio, o que mais se vê é japonês médio, chinês médio, indiano médio...

Mas tenho visto mais gente 8 ou 80, tipos, magrinho ou gordinho, do que em forma, malhado. E as porções de comida aqui são gigantescas, e acho que tá rolando um problema com obesidade, sim. O que salva é q é um país de esportistas, né? Ainda não fui pra costa, de repente lá tem mais gente sarada.